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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Introducing Spot - robos

Spot pode facilmente subir degraus e encostas íngremes. Seu ritmo preferido é o trote, embora pese respeitáveis 70 kg. O que mais impressionante sobre esse robô, no entanto, é que Spot nunca perde o equilíbrio.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Reflexão: escultores do futuro

Você, eu, nós... Podemos modelar pelo computador, como se estivesse- mos manualmente esculpindo em massa de modelar. É um software muito fácil de criar coisas fantásticas. Depois, se quiser imprime-se a peça real em impressoras 3D em vários tipos de materiais.                                      
Tenho acompanhado vídeos e trabalhos de escultores digitais pela internet. De alguma forma desde criança estive ligado às artes. Sempre acompanhei de alguma maneira o desenvolvimento da arte. Vejo agora que o Brasil esta a todo vapor na arte DIGITAL: DESENHO E ESCULTURA DIGITAL 3D E IMPRESSORA DIGITAL 3D. O que vocês acham disso?Vocês acreditam que essa profissão de escultor profissional (manual) em argilas, está com os dias contados? Assim como num passado recente foi à profissão de datilografo e escolas de datilografias que se extinguiram. Todas as escolas que sobreviveram passaram para digitação e programação em computadores e impressão gráfica.     

sábado, 1 de outubro de 2016

CRÔNICA SOBRE TRILHOS

Durante esses 7 meses morando em São Paulo, uma das experiências mais interessantes para mim foi aprender a usar transporte público.
Isso pode parecer estranho aos ouvidos de quem já está habituado a esta realidade, mas para quem nasceu e viveu 20 anos de sua vida em uma cidade onde tudo “é logo ali” – como dizem os mineiros – a experiência é ao mesmo tempo curiosa e desafiadora.
Ao longo destes meses, os trajetos de metrô e trem sempre prenderam muito minha atenção. Fui anotando tudo o que observava e hoje reuni minhas anotações nesta crônica.
Quando cheguei aqui, minha primeira experiência com o transporte público foi a linha 12 Safira da CPTM, por meio da qual chego até a faculdade onde estudo. As primeiras semanas tomando este trem me deixaram boquiaberta. Olhando pelo vidro, notava que a paisagem se modificava muito repentinamente. Em primeiro plano, via residências caindo aos pedaços no meio de muito lixo e esgoto a céu aberto. Em segundo plano, mais ao horizonte, observava grandes prédios em todo seu esplendor. Os reflexos da desigualdade social jamais tinham se materializado na minha frente de maneira tão escancarada até então.
Desembarcando na estação USP Leste, outra cena me chocava. Era a situação com que chegava o trem do sentido oposto. Com pessoas todas esmagadas dentro do vagão, via os funcionários da CPTM empurrando as pessoas da porta para conseguir caber todo mundo dentro daquela lata sufocadora. Chega a ser desumano. Dava graças a Deus por não pegar aquele fluxo.
Até que chegou o dia de experimentar esta aventura que é pegar metrô na hora de pico.
A melhor analogia que consigo fazer para ilustrar este evento é a de uma apresentação de rodeio. As pessoas que aguardam na plataforma, assim como touros enraivecidos, entram no vagão em fúria empurrando tudo e todos tão logo as portas se abrem. É preciso sempre muita paciência nessas horas, pois é comum ter alguém pisando ou esbarrando em você. E, se você for mulher, sempre vai ter o medo de um tarado encostar atrás de você com más intenções. Mas com o tempo você descobre quais as estações mais propícias a acontecer esse tipo de coisa, o que te permite ir se preparando no caminho.
Também descobri aqui que a felicidade pode assumir a forma de um metrô se aproximando vazio na hora do rush. Mas é bom ficar esperto nessas horas, porque novamente as pessoas avançam para dentro como touros enlouquecidos.
É interessante como dentro de um vagão de trem tanta coisa acontece. Sempre fico observando os vendedores ambulantes andando de um lado a outro vendendo suas mercadorias. Às vezes eles te incomodam, principalmente quando o trem está lotado; mas às vezes te salvam (quando você está com aquela sede e eles passam vendendo água a um real, ou quando seu fone de ouvido estragou e eles te vendem um por dez reais).
E quem não vai notar as frases clássicas dessas figuras? “Chamou com um real, leva dois” e “mais alguém, alguém mais?” são suas marcas registradas. E alguns desses vendedores são tão bons que te ganham no senso de humor. Vale tudo para tirar uma graninha para sobreviver.
Às vezes você é até surpreendido com um showzinho ao vivo dentro do vagão, o que te permite relaxar um pouco a tensão que você nem tinha percebido, mas que estava lá pesando os seus ombros. E durante os minutos viajando sobre os trilhos pode até rolar uma paquera, aquela troca de olhares recíproca e mal intencionada – no bom sentido – que vai ser interrompida logo que ambos descerem do trem.
Quando você faz parte dessa realidade, você aprende algumas pequenas lições também, como se manter à direita na escada rolante, muito embora algumas pessoas desconheçam esta regra e empaquem o caminho de quem quer se adiantar pela esquerda.
Enfim, estas são só algumas experiências do cotidiano que nem sempre são percebidas pelas pessoas que freqüentam estes ambientes. Escrevo a partir dos olhos de alguém que nem imaginava a existência de um mundo tão diferente, tão plural, tão dinâmico. Escrevo principalmente para eternizar essas sensações. Porque sei que um dia tudo isso não vai passar de simples banalidades que com o tempo perderão o encanto


- Grasielle Emilio,

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Alhea

Crise política para crianças

Estava diante da tela do computador, em meu escritório, acompanhando as notícias do dia 31 sobre as manifestações contra o golpe pelo site da Revista Forum, quando meu filho chegou:
- O que você tá fazendo, papai?
- Lendo notícias.
- O pai do Marcelinho vê notícias no jornal e na TV, não no computador.
- Mas são notícias diferentes. Quero dizer, o assunto é o mesmo, mas o ponto de vista é outro.
Meu filho estica o olho e vê uma foto da presidente Dilma Roussef na tela do site.
- Ela é bandida, né pai?
- Filho, ninguém pode acusar ninguém sem ter provas.
- Mas todo mundo fala que ela é ladrona. Ela e o Lula.
- Não é todo mundo. Eu não falo.
Ele me olha com ar de quem espera uma justificativa. Como explicar a uma criança de dez anos que não existe nenhum processo contra a Dilma e nenhuma prova contra o Lula?
- Lembra quando sumiu um carrinho do vizinho e ele falou que tinha sido você? O que você achou daquilo?
- Eu não gostei. Não fui eu.
- Você achou justo ele ter te acusado sem ter provas?
- Não.
- É exatamente isso que estão fazendo com a Dilma e o Lula.
- Por que fazem isso?
- Por que... Imagina que você esteja jogando botão. Aí você encontra um amigo que sempre ganha de você. Aí então, ao invés de treinar para jogar melhor e tentar ganhar dele na próxima partida, você resolve melar o jogo. Vira o estrelão, joga tudo no chão e diz que não quer brincar mais. Vai mudar as regras do jogo ou chamar seu pai para dar uma bronca no seu amigo.
Ele parece satisfeito com a metáfora. Mudo de site, vou para o Brasil 247 e aparece uma foto do Sergio Moro.
- Esse é aquele juiz, né?
- É. Aquele.
- Todo mundo fala que se ele fosse presidente do Brasil tudo iria melhorar.
- Todo mundo, não. Eu não acho isso. Eu e muita gente, mais da metade do Brasil.
- Por que?
Como explicar sobre partidarização da justiça, extrapolação de competência, usurpação de poder, princípio republicano de independência dos poderes, de tradição conservadora do poder judiciário? Voltei à metáfora.
- Imagine que na sua aula de futebol, o professor, que apita o jogo, goste mais do outro time do que do seu e comece a roubar. Só marca falta contra o seu time. Marca falta que você fez, mas não marca quando o jogador do outro time faz a mesma coisa. E se você for reclamar, te dá logo um cartão vermelho. E pior, inventasse regras da cabeça dele. É isso que esse juiz faz.
Meu filho ficou pensativo. Mas tinha algo que ainda o incomodava.
- Mas a Dilma vai ser mandada embora, né?
- Estão tentando. Mas acho isso um absurdo. É como se ela fosse aquele jogador de botão que ganhou de você, e você decidisse então melar a partida e mandasse ela embora da sua casa. Te parece justo?
Ele não responde. Ainda com ares desconfiado estica o olho mais uma vez.
- Pe-da-la-da. O que é isso, papai? É igual o Neimar faz?
- Não. É justamente disso que estão acusando a Dilma para poderem melar o jogo.
- E ela é culpada?
- Sim. Não.
- Sim ou não?
Como explicar que pedalada fiscal é uma prática cotidiana. Que o FHC fez, que o Lula fez, que 14 governadores de estado fizeram em 2015, entre eles o Geraldo Alkmin, que aliás deu trinta e uma pedaladas, contra seis da Dilma, que o Michel temer assinou um decreto de pedalada enquanto a Dilma estava em viagem ao exterior? Que mais da metade do congresso, que vai julgar a Dilma, responde por crimes muitíssimos mais cabeludos e que a pedalada da Dilma era tão somente para garantir a manutenção das despesas com os projetos sociais que transformaram o Brasil, segundo a ONU, em exemplo de política redistributiva bem sucedida? Voltei à metáfora:
- É aquela história do professor de educação física que gosta mais de um time do que do outro. Ele só marca falta contra seu time. Imagine que os dois times põem a mão na bola, mas ele só marca falta quando a mão na bola é do seu time. E pior, ainda te expulsa de campo. E os outros que colocaram a mão na bola? Não deveriam ser expulsos também? Por que só você? Ou expulsa todos que colocarem a mão na bola ou não expulsa ninguém. Faz isso por que ele torce para o outro time.
- Você é a favor do Lula e da Dilma, né?
- Nesse caso sou. Eles são do time que o juiz não gosta. Não acho justo.
- Por que você gosta deles?
Como explicar sobre desigualdade social, sobre Estado patrimonialista, sobre política internacional, sobre jogo de forças, sobre projeto político? De novo a metáfora:
- Imagine que o dono da cantina da sua escola só servisse almoço e lanche da tarde para uma ou duas crianças da sua turma, e todo o resto da classe não tivesse direito de comer ou beber nada na cantina. Isso seria legal?
- Seria, se eu fosse um dos dois para quem ele serve comida.
- Mas sua classe tem quase trinta alunos. Como ficariam os outros? E se você não fosse um daqueles dois?
- Eu pegava a comida deles.
- Hum... Pode ser, é uma saída. Mas iria gerar uma tremenda confusão, iria ter briga. Tenho uma ideia melhor: e se trocassem o dono da cantina e colocassem um que dividiria a comida entre todos. Não seria melhor?
Meu filho entendeu meu ponto de vista e perguntou:
- Então, por que você não foi na greve?
- Não era greve filho, era uma manifestação. As pessoas foram para a rua para dizer aquilo que pensam. Para se manifestar. Entendeu?
- Praticamente. E o que eles querem?
- São contra o golpe.
- Que golpe? No caratê tem um muito radical. Assim olha! Dá um chute no ar seguido de um murro.
Recorri à metáfora mais uma vez:
- Lembra da história da cantina? Imagina que depois que entrou o novo dono, o antigo quisesse voltar. Algumas pessoas foram para a rua para dizer que querem que o novo dono da cantina continue por lá. Outros foram falar que aquele juiz não pode marcar faltas só a favor do time que prefere. Tem que ser justo e marcar para os dois lados. Foram falar que o juiz tem que seguir as regras oficiais e não inventar regra da cabeça dele. Outros foram falar que não vale melar o jogo quando a gente perde e que regra é para ser seguida.
- Legal. Posso jogar joguinho no seu computador?
- Mas eu estou lendo, filho.
- Então o computador é só pra você?
- Não. Vamos combinar assim: daqui a vinte minutos te passo o computador. Fica um pouco comigo, um pouco com você.
Ele aprovou a proposta e saiu cantando “tá tranquilo, tá favorável”.
Que inveja das crianças.
É isso mesmo, ou o palhaço está vendo coisas?
 
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